11 de agosto de 2017

Memórias de ter tempo

Quando somos pequenos tudo nos parece grande.
Lembro [com saudade] as férias grandes passadas em casa dos Avós: os roupeiros eram esconderijos para as inúmeras brincadeiras que inventávamos, as gavetas eram arcas do tesouro por explorar e a comida da Avó Isabel o melhor banquete! À noite, o colchão do sofá-cama vinha para o chão e eu dormia, feliz, na salita. Aqueles meses eram intermináveis e saborosos. Que felicidade ter tempo e ser dona de uma felicidade sem fim.
Devia ter uns 12/13 anos quando me comecei a ter noção da passagem do tempo. E aos 16/17 comecei a perceber que já não havia Verões intermináveis. Num momento era Verão e noutro já estavamos no Natal.

Dos 18 até agora passou tudo tão depressa que dou por mim a utilizar expressões que pertenciam aos mais velhos: 'Estás tão grande! Eu andei contigo ao colo!' ou 'ainda outro dia eras uma criança...e agora já estás no teu primeiro emprego?'
Em menos de nada entrei na universidade, descobri a minha profissão, conheci o amor da minha vida, casei, viajei e...sou mãe! Eu!? A miúda que ainda outro dia brincava na rua e esfolava os joelhos...

Como é que passou tudo tão rápido?

Quando olho para o meu filho vejo o futuro. Ele tem tudo pela frente: os Verões em casa dos Avós, a felicidade de ser dono do seu tempo, todas as descobertas, dificuldades e lições que a vida lhe irá dar. Será capaz de viver devagar e sem pressas. Neste caminho descobrirá o que quer ser e o que não quer fazer. Conseguiremos nós, pais, ser bons o suficiente? Seremos nós capazes de lhe dar as ferramentas que ele precisa para crescer saudável e enfrentar o que a vida lhe trouxer?




























Perdida nestes pensamentos apetece-me agarrá-lo com mais força enquanto olha para mim com os seus olhinhos cheios de mundo. Gostava que o tempo voltasse a passar devagar, como naqueles verões sem fim. Gostava que ele fosse sempre pequenino para o poder guardar no meu colo.


Ele cresce a olhos vistos [e que bom que é!]. Percebi que de agora em diante o tempo irá passar ainda mais rápido, e tendo esta noção, resta-me aproveitar cada minuto, longe das distrações deste novo mundo cheio de tecnologia.
Simplesmente olhá-lo.
Contemplá-lo.
Não como se de um pequeno deus se tratasse mas com olhos de amor, enquanto lhe sussurro ao ouvido:



Amo-te, filho*

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